Plantios agroflorestais com a comunidade da Aldeia Nova Esperança, povo Yawanawá, Tarauacá, Acre – Núcleo Sudeste

Desde 2016, após encontro do Cacique Nixiwaká (Bira) com o pesquisador e agricultor Ernst Gotsch, iniciou-se um trabalho gradual de fomento e resgate de técnicas agroflorestais junto à comunidade da Aldeia Nova Esperança, na Terra Indígena Yawanawá, Tarauacá, Acre. A comunidade desta Aldeia está em pleno crescimento, com muitas crianças e jovens, e busca a melhoria e ampliação da oferta de alimentos para a segurança alimentar de toda a comunidade, bem como para seus visitantes que tem sido frequentes nas vivências e festivais promovidos.

Em 2016 foram realizadas três consultorias de técnicos ligados à ONG Mutirão Agroflorestal para plantio, manejo e fomento de áreas coletivas; em 2017 foi realizada uma visita de acompanhamento técnico para plantio de mudas recebidas pela Secretaria de meio ambiente do Estado do Acre. Em março de 2018 realizou-se um mutirão agroflorestal com a ida de nove pessoas ligadas à Agrofloresta, com a coordenação de dois técnicos do Mutirão. Nesta última visita à Aldeia priorizou-se trabalhar na escola e nos quintais das famílias, envolvendo-as mais diretamente nos cuidados e manejos da área, bem como à lógica da agrofloresta sintrópica que recupera relações com a agricultura pelas gerações mais antigas da família Yawanawá e anima os jovens. De janeiro a maio de 2018 o técnico Osvaldo Luis de Souza, muito experiente em agrofloresta, ficou na aldeia, principalmente focado em preparar e realizar os plantios de frutíferas e alimentos na Aldeia Sagrada, local ancestral da primeira Aldeia deste povo e que vem sendo preparada para receber novos moradores e vivências e convidados.

O trabalho de formação da comunidade indígena nos princípios e técnicas da agrofloresta parte de uma perspectiva de construção conjunta e constante de troca de saberes e envolve: a interpretação das observações da natureza para a aplicação no trabalho com a agrofloresta, o conhecimento das plantas, a dinâmica para a nutrição do solo, a combinação das plantas nos ciclos que se sucedem, o manejo, a criação de pequenos animais, o processamento dos produtos e a culinária. Todo este trabalho contribui para resgatar a agricultura antepassada, a culinária, os utensílios utilizados (na cozinha, na construção, no artesanato), as músicas ligadas aos plantios e a própria língua.Nosso trabalho na Aldeia prevê a continuidade da mobilização e implantação de áreas de agrofloresta na Aldeia Nova Esperança e na Aldeia Sagrada associada a um processo de formação de membros da comunidade, entre eles jovens, mulheres e crianças, para o trabalho com agrofloresta, seja em seus quintais, roçados, áreas coletivas e na escola. O trabalho de plantios e produção de frutas, alimentos e outros produtos florestais oferecerá saúde e abundância para a comunidade com variedade de alimentos produzidos no local, geração de renda, autoestima e valorização da cultura da floresta.

“Trazer de volta a natureza da nossa aldeia, cheia de florestas, frutas e comida!”

Cacique Nixiwaká (Bira), 2018